A Psicologia é a área do conhecimento que lida diretamente com a saúde mental e os processos afetivos das pessoas. Por isso, deve existir um cuidado muito grande com a ética no atendimento. Uma dúvida comum das pessoas ao buscarem este tipo de cuidado, diz respeito ao fato da possibilidade de psicólogos atenderem a amigos, parentes ou pessoas que se conhecem.
Eu sou o psicólogo Bruno Figueiredo, CRP 05/62063, e vou explicar o que as normas do Conselho Federal de Psicologia (CFP) dizem sobre isso:
Não é indicado que um psicólogo atenda pessoas com quem tem um relacionamento próximo, como amigos ou familiares. Isso porque laços pessoais podem atrapalhar a objetividade, o sigilo e a qualidade do atendimento. O Código de Ética Profissional do Psicólogo (CEPP) proíbe relações que possam interferir negativamente nos objetivos do serviço prestado. Incluindo situações onde vínculos antigos ou atuais podem prejudicar a imparcialidade do psicólogo, seja num atendimento ou numa avaliação.
O Art. 2º, alínea "j", do Código de Ética Profissional do Psicólogo veda ao terapeuta "Estabelecer com a pessoa atendida, familiar ou terceiro, que tenha vínculo com o atendido, relação que possa interferir negativamente nos objetivos do serviço prestado".
Desta forma, não é recomendado que o mesmo psicólogo atenda, individualmente, duas ou mais pessoas da mesma família – por exemplo, mãe e filha, ou um casal separadamente. Mesmo parecendo uma boa ideia, isso pode criar problemas. O psicólogo pode receber informações delicadas de um que envolvam o outro, e manter o segredo profissional se torna um desafio enorme, pois este fato prejudicaria a confiança e a neutralidade.
É importante notar que a terapia de casal ou familiar, onde a família ou o casal é o foco e as dinâmicas são trabalhadas em conjunto, é uma modalidade permitida, funcional e plenamente aceitável. Ela é diferente e não se confunde com o atendimento individual separado.
A mesma lógica, vista até aqui, vale para grupos de trabalho ou escolares: atender um gerente e um funcionário da mesma empresa, ou dois colegas de turma, pode criar situações desconfortáveis e até comprometer a confiança. O espaço terapêutico precisa ser seguro, ético e livre de influências externas. Dúvidas sobre o sigilo ou comparações podem atrapalhar o processo. Em ambientes de trabalho, onde há dinâmicas de poder, a imparcialidade e a proteção da sua intimidade são cruciais para sua segurança.
Essas regras existem para proteger você, o paciente, e garantir um atendimento de excelência. O psicólogo deve atuar com responsabilidade, imparcialidade e respeito ao sigilo. Se um vínculo pessoal ou social puder atrapalhar esse compromisso ou for incompatível com a ética profissional, o psicólogo deve recusar o atendimento. Nesse caso, o mais correto é indicar outro profissional para você, buscando sempre o menor prejuízo e o seu melhor bem-estar.
Se você gosta do seu psicólogo e confia no trabalho dele, mas precisa indicar alguém próximo (familiar, amigo de escola ou trabalho), o ideal é pedir que ele mesmo sugira outros terapeutas de confiança. Assim, o atendimento será sempre adequado e ético para todos, garantindo o melhor cuidado psicológico possível.
Nenhum comentário:
Postar um comentário